15 novembro 2009


A ROSA DO DESERTO

É noite no deserto de areias abissais...
O calor descansa no poente
E a madrugada despeja mortais
Ventos à jaima do andarilho silente.

Fleumáticas estrelas vestem o manto
Que ilumina o Saara escaldante,
Enquanto o Tuareg de encanto
De olhos azuis vagueia distante.

No deserto da solidão,
As dunas vigiam a miragem
Irrevelada. No desassossego de seu coração,
Vagueia em busca da rosa sem rosto e sem imagem.

Entre o frio da noite e o calor do dia
Repousa a rosa meditativa.
Rosa plenificada de magia
Que dos perfumes de amor se esquiva.

Rosa mística de estação indecifrável
Voluptuosamente esculpida no cenário,
É a rosa azul inalcançável
Entornando poesia sob o solário.

O Tuareg segue o perfume
Que coroa o ermo calado,
E encontra a flor sob o lume
Ardendo de amor extasiado.

Debruçada em apocalípticos beirais
A rosa desmaia ao açoite da brisa,
Enquanto pétalas insinuam-se em celestiais
E recônditas emoções não despertados na sacerdotisa.

Antes que a lua extingua seu brilho
A rosa foge do mistério do amor,
Mas sem sorte é capturada pelo andarilho,
Docemente aprisionada em lábios de licor.

Sob o luar argênteo, o oásis se afigura
Em mistérios a descortinar a paixão
Que se converte em esponsal jura
E momentos de inebriante sedução.

Imagem: fotografia do quadro de Salvador Dali

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